Com mais de 6 mil crianças diretamente impactadas, o projeto Capoeira nas Escolas segue fazendo história na Rede Municipal de Ensino de Campina Grande. O projeto é realizado por 27 professores de 12 grupos de capoeira filiados à União dos Capoeiras do Planalto da Borborema e é o maior projeto de Capoeira nas Escolas do país. Nos últimos dois anos, o projeto tem incluído as crianças com deficiência matriculadas nas escolas municipais.
O estudante Mikael Nascimento, de 16 anos, está no 9º do Ensino Fundamental, é um dos alunos matriculados no Atendimento Educacional Especializado (AEE). “A capoeira é para todos, mas nem todos são para a capoeira. É um jogo que foi criado pelos africanos, mas não pode ser usado pela violência. Eu já sou batizado e vou me batizar de novo. O que mais gosto na capoeira é gingar’, afirma.
A profissional de apoio escolar, Solange Bernardino, explica como o projeto ajuda a desenvolver as habilidades motoras de Mikael. “Eu conheci Mikael em 2016. Ele gosta muito de esporte, mas aí a capoeira fascina ele. Ajuda ele na disciplina e nos movimentos, tanto na coordenação motora, quanto nos movimentos de lateralidade. A capoeira é um dos motivos de ele estar aqui, na escola”, explica.
Campina é destaque nacional
O secretário municipal de Educação, Raymundo Asfora Neto, destaca o cuidado da gestão com o projeto. “O projeto Capoeira nas Escolas ficou sem funcionar em 2019 e foi reativado na gestão do prefeito Bruno e vale destacar que a aplicação desse projeto faz parte de uma política de educação étnico-racial”, pontua.
O Capoeira nas Escolas é realizado pela Seduc, em parceria com o Instituto Alpargatas, que financia em 40% a logística, os eventos e os fardamentos do projeto.
“Todos os profissionais estão sendo treinados para atender todas as crianças que queiram participar. A capoeira é uma disciplina eletiva e não obrigatória, pois é um movimento libertário. Somos o maior projeto de capoeira nas escolas municipais do país e temos orgulho disso”, ressalta o mestre Pequeno, coordenador do projeto.
Para o mestre Neguinho, as aulas auxiliam no combate à evasão escolar. “O projeto vem ajudando no combate à evasão escolar e é um dos atrativos para a criança voltar pra escola. A capoeira é pra todo mundo. Toda criança tem oportunidade. A gente ensina passo a passo. Uma criança com deficiência vai aprender no ritmo dela. Campina é piloto para o mundo todo. Somos a única cidade, o primeiro projeto do Brasil que atende todas as escolas. Todos que conhecem ficam encantados, pois nem mesmo na Bahia, berço da capoeira, tem um projeto desse tamanho”, conta.
O projeto
O projeto Capoeira nas Escolas acontece pelo 17º ano consecutivo e já foi reconhecido pelo Instituto Rank Brasil, com a maior roda de capoeira do Brasil com a presença de 2.807 crianças da Rede Municipal.