Através de uma propositura da vereadora Jô Oliveira (PCdoB), a Câmara Municipal de Campina Grande vai realizar audiência pública para debater os impactos da implementação de parques de geração de energias renováveis para a agroecologia na região do Pólo da Borborema. A audiência acontece na próxima quinta-feira, dia 28 de setembro, a partir das 10h, na Casa de Félix Araújo.
O debate vai contar com a presença de representações do poder público, instituições que realizam projetos e pesquisas na área rural, movimentos sociais, organizações ligadas ao campo e agricultores que sofrem com os impactos da instalação de grandes parques eólicos ou solares em seus territórios agroecológicos. A ideia da audiência é realizar um diálogo sobre como esses empreendimentos vêm afetando a região e buscar encaminhar as possíveis ações que podem ser feitas diante desse cenário.
Entre os impactos evidenciados pelos agricultores que convivem com os parques eólicos, está a proximidade de instalação dos sistemas de geração de energia, que se localizam muito próximos das residências dos moradores, que precisam conviver diariamente com o barulho gerado pelas hélices, além da escavação das terras para instalação de fiações subterrâneas, o que afeta o cultivo agrícola. Também há o desequilíbrio ambiental, causado pelo desmatamento, pela fuga de animais típicos da região, que migram em decorrência das mudanças em seu habitat, além do aumento da poeira, que causa problemas respiratórios, entre outras questões.
Para debater todos esses impactos, e atendendo a um pedido de entidades ligadas ao campo, a vereadora Jô Oliveira propôs uma audiência pública na Câmara Municipal.
“Sempre achamos que o diálogo é melhor caminho, por isso propomos essa audiência, com o objetivo de ouvir os agricultores e agricultoras que sofrem no dia a dia com o impacto da instalação desses parques eólicos ou solares, os entes públicos e privados envolvidos nesse processo, pessoas que pesquisam nesta área e podem nos ajudar a pensar soluções, entre outras representações. Já visitamos alguns desses parques de geração de energia eólica, e conhecemos de perto os impactos negativos deles, por isso sabemos como é importante buscar soluções para isso. E claro, não somos contra o uso de energias renováveis, mas é preciso se avaliar esse modelo que está sendo implementado, com a geração em larga escala dessas energias, e afetando territórios da agricultura familiar e agroecológica”, destacou a vereadora.
Comercialização de produtos e exposição fotográfica – Paralelo a realização da audiência pública, também haverá, no estacionamento da Câmara Municipal de Campina Grande, a instalação de uma quitanda para comercialização de produtos agroecológicos produzidos no território da Borborema. Também, no mesmo dia da audiência, no hall da Casa de Félix Araújo, haverá a exposição fotográfica ‘Pra quem sopram os ventos?’, com imagens do fotógrafo Davi Revoredo, que retratam os impactos dos parques eólicos no interior dos estados de Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. As fotos mostram os danos ambientais, a exemplo da interferência na rota de aves, e malefícios à saúde humana, como os distúrbios do sono provocados pelos ruídos constantes das hélices das torres de geração de energia eólica. A exposição é uma realização da Cáritas Brasileira Regional Nordeste 2 – organismo da CNBB NE2 –, e busca sensibilizar sobre os impactos negativos desse modelo de geração de energias renováveis em grande escala, através da instalação de parques eólicos