Ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal nega ter promovido blitz para reter eleitores

Ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal nega ter promovido blitz para reter eleitores

O ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques negou que a instituição tenha atuado politicamente no segundo turno das eleições presidenciais para favorecer o então candidato Jair Bolsonaro, fazendo operações de fiscalização principalmente na região Nordeste, onde o candidato Lula liderava as pesquisas de intenção de voto. Vasques depôs ontem (20), durante12 horas, na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro.

O ex-diretor classificou a acusação como “a maior injustiça já realizada na história da PRF” e afirmou que, em 30 de outubro, data do segundo turno, a fiscalização foi menor no Nordeste do que em outras regiões. Ele acrescentou que, dos 618 pontos fiscalizados em todo o país, 310 corresponderam a locais onde Lula ganhou a eleição, e em 316, Bolsonaro foi o vencedor. Vasques disse que não houve registro de que alguém tenha deixado de votar por conta da fiscalização da Polícia Rodoviária Federal e somente cinco ônibus foram recolhidos em operações no Nordeste.

Silvinei afirmou que não foi notificado e não tem conhecimento de qualquer investigação no âmbito da PRF sobre o fato e que não seria possível, em “nenhum órgão federal” cometer um crime dessa magnitude sem que uma conversa de corredor tenha sido levantada. Para ele, a denúncia é fantasiosa e foi propagada a partir de “mentiras”. 

De acordo com Vasques, a informação de que a polícia rodoviária estaria dificultando o trânsito no Norte e no Nordeste se espalhou nas redes sociais a partir de três denúncias que, segundo ele, foram feitas por indivíduos que mentiram e estão sendo processados por isso. Uma das notícias se referia a um ônibus parado no município de Benevides (PA).

“Está o registro aqui, não tem como burlar. O ônibus ficou parado por 14 minutos no local com o tacógrafo estragado, e a polícia ainda fez a escolta do ônibus até a área de votação. Ninguém deixou de votar”, disse. 

Ele reforçou a explicação questionando o fato de como a instituição conseguiria mobilizar 13 mil policiais no Brasil, orientando o que seria uma operação criminosa, “sem ter uma conversa por WhatsApp, Telegram, sem ter uma reunião com esses policiais em qualquer delegacia do Brasil, sem ter um e-mail enviado?”.

Novos depoimentos

No início da reunião, deputados e senadores aprovaram três requerimentos, para ouvir o ex-ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Marco Edson Gonçalves Dias; o ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo da Cunha e o coronel Jean Lawand Júnior, que teve divulgadas conversas com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.

O presidente da CPMI, deputado Arthur Oliveira Maia (União-BA) afirmou que será seguida, nos depoimentos, a ordem cronológica estabelecida pelo plano de trabalho da relatora. Ele acrescentou que a primeira série de oitivas, antes do recesso previsto para julho, deve se concentrar nos episódios anteriores a 8 de janeiro.

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