Na política brasileira, não há nada que não possa ser negociado e todos têm um preço. Lula sabe bem disso e resolveu abrir a Esplanada dos Ministérios a Arthur Lira e sua base, a fim de garantir a imediata votação da PEC da Transição.
Antagonista apurou que o texto, que seria adiado para semana que vem, poderá ser votado ainda hoje. O presidente da Câmara está empenhado em garantir sua reeleição e passou a barganhar mais espaço na máquina a seus aliados.
Numa reunião a portas fechadas com emissários do novo presidente, o deputado, segundo integrantes do PT, pediu dezenas de cargos de primeiro, segundo e terceiro escalões para sua ‘base’ — incluindo os ministérios da Saúde, Minas e Energia, a presidência da Caixa, da Codevasf e de Furnas –, além de R$ 20 bilhões a R$ 25 bilhões de verba do novo orçamento sob seu comando.
Acordo selado, Lira tratorou no fim da noite de ontem o projeto de lei que reduziu de 3 anos para 30 dias a quarentena para que políticos com cargos em partidos, fundações ou participação em campanhas possam assumir o comando de empresas públicas. Serve a Aloizio Mercadante no BNDES e a toda a tropa fisiológica de Brasília.
O projeto original — que já era escandaloso — previa o aumento do gasto de empresas públicas com publicidade, dos atuais 0,5% para 2% da receita bruta operacional. Para piorar, mudou-se o texto para garantir a redução da quarentena.
Uniu-se a fome com a vontade de comer. Lira aproveitou a votação remota para passar a perna até nos bolsonaristas. E ainda livrou o TCU de ter de arbitrar. Pouco antes da votação, Lira disse em entrevista, com a cara mais deslavada, que “a gente tem que parar com essa história de vender ‘toma lá, dá cá’ o tempo todo”.
Um líder partidário aliado de Lula foi mais sincero. “O que está travando a PEC são os cargos. Resolvidos os cargos, a gente resolve a PEC”, disse, em condição de anonimato.
Com informações do Antagonista.