Uma pesquisa da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas apontou que em João Pessoa 5% da população fuma. O hábito, associado a diversas doenças respiratórias, tem ganhado uma nova modalidade através do cigarro eletrônico, cujos danos à saúde são semelhantes ao tabaco tradicional. O alerta é do pneumologista do Sistema Hapvida, Walter Neto, que descarta o uso do ‘vape’ para quem quer abandonar o método usual.
O especialista explica que apesar do glamour e novidade, o cigarro eletrônico não está isento de malefícios. Ele ressalta que pesquisas chegaram a sugerir que vape poderiam ajudar fumantes, mas a longo prazo, isso não foi comprovado. “Foi visto que o fumante acaba substituindo temporariamente um cigarro por outro. Ou seja, ele continua fumando, o hábito não cessa, e a chance de recaída para o cigarro convencional é muito alta”, detalha.
Segundo o médico, o tratamento para o tabagismo é feito de maneira multidisciplinar – com auxílio de medicamentos e terapia, que não incluem o cigarro eletrônico, que é tão prejudicial quanto o convencional. “Foi identificada a presença de substâncias cancerígenas e da própria nicotina, que é responsável pela dependência. A chance de um fumante ter recaídas utilizando o vape é muito alta”, afirmou.
A pesquisa apontou ainda que no conjunto das capitais do Brasil, a frequência de adultos fumantes foi de 9,5%, sendo maior no sexo masculino (11,7%) do que no feminino (7,6%). No total da população, a frequência de fumantes tende a ser menor entre os adultos jovens (antes dos 25 anos) e entre aqueles com 65 anos e mais.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que 71% das mortes relacionadas a câncer de pulmão tem relação com tabagismo; 42% das doenças respiratórias também têm o fumo como causador, assim como 10% dos transtornos cardiovasculares. Ainda conforme o médico, outras doenças também têm o cigarro como fator de risco.
“O vício pode desencadear outros cânceres, como de estômago, de boca, de faringe, da laringe. A pneumonia e tuberculose também podem estar relacionadas, assim como osteoporose, infertilidade no homem e na mulher, impotência sexual, catarata e várias outras doenças”, listou.
Doença e fator químico – O especialista esclarece que o tabagismo é considerado uma doença crônica, devido ao vício causado pela nicotina, que causa dependência química. “A fumaça do cigarro é inalada para os pulmões, que distribui ao sistema circulatório, chegando ao cérebro em até 19 segundos; o que é tão rápido que se assemelha a um remédio endovenoso”, exemplifica.