O chamado ‘‘Janeiro Seco’’ é uma iniciativa que incentiva as pessoas a reduzir ou a cortar o consumo de bebidas alcoólicas no primeiro mês do ano. A campanha foi iniciada em 2013 no Reino Unido e tem ganhado força pelo resto do mundo. Yannick Neuder, novo ministro da saúde da França, declarou que adere à iniciativa há anos e pretende continuar a tradição em 2025. O objetivo é, além de promover melhorias na saúde, levantar uma discussão sobre o papel da bebida alcoólica na vida de cada um.
Izabele Acioli, nutricionista da Hapvida NotreDame Intermédica, fala sobre os possíveis efeitos do excesso de álcool no corpo. “É importante dizer que os impactos do consumo excessivo vão muito além da famosa ressaca. Nutricionalmente falando, o organismo pode sofrer um desequilíbrio significativo, prejudicando a absorção de vitaminas e minerais como zinco, cálcio e ferro. Além disso, a substância fornece muitas calorias sem qualquer valor nutricional. Por isso, seu consumo junto a uma dieta desequilibrada pode prejudicar o sistema imunológico, aumentar a pressão arterial devido à liberação de hormônios do estresse, aumentar o risco de AVC e prejudicar o fígado, que é responsável por metabolizar as substâncias tóxicas no nosso corpo. Também podem surgir doenças cardiovasculares, câncer, distúrbios mentais e comportamentais, obesidade e diabetes’’, aponta.
Ainda conforme a nutricionista, o excesso de álcool pode ter um impacto hepático significativo. Dessa forma, o exagero também pode resultar em doenças. Francilino Leite, médico endocrinologista da Hapvida NotreDame Intermédica, explica. ‘‘A sobrecarga no fígado também prejudica o metabolismo de gorduras e proteínas, afetando a capacidade do corpo de utilizar esses nutrientes de forma eficiente. O acúmulo de gordura no órgão, também resposta comum ao álcool, pode evoluir para uma esteatose hepática, que, por sua vez, pode gerar condições graves, como hepatite alcoólica e cirrose’’.
Pessoas que aderem à iniciativa tendem a notar mudanças significativas na rotina. De acordo com um estudo publicado em 2018 na revista BMJ Open, quem tem o costume de beber regularmente e o interrompe por 30 dias pode ter o sono e a energia melhorados, bem como uma redução nos níveis de colesterol e na pressão arterial. Já um estudo da Associação Americana de Psicologia mostra que, depois de completar o desafio, os participantes tendem a consumir menos álcool durante o resto do ano. Outro estudo, desta vez da Universidade de Sussex, expõe que os participantes também relataram melhora na relação com o sono, energia, pele e economia financeira.